* Por Lucas Ottoni
Sexta-feira, 13 de abril de 2012. A compra do New Orleans Hornets pelo bilionário Tom Benson encheu os fãs dos zangões de otimismo em relação ao futuro da nossa amada equipe. De lá para cá, as notícias têm sido as melhores possíveis: a franquia permanecerá na Louisiana, a New Orleans Arena será remodelada, o NBA All-Star Weekend de 2014 acontecerá na cidade, haverá investimento na montagem de um time forte e competitivo, etc. Uau! O futuro tende a ser muitíssimo promissor, não é mesmo? Agora, pegue essas magníficas notícias e imagine que a franquia Hornets não estará viva a tempo de desfrutá-las… É isso mesmo, meus amigos. Junto com o Tom Benson e o seu pacote de promessas veio a ideia de mudar o nome, a logomarca e as cores dos zangões! O famoso rebrand, como eles gostam de dizer lá nos EUA. E o pior: os torcedores locais, lá de New Orleans, apoiam esse plano com um tremendo entusiasmo e já planejam nomes, logos e uniformes para o “novo time” que surgirá na terra do jazz (no nosso post anterior, vocês viram algumas dessas “belezinhas”). A justificativa para o tal rebrand é a seguinte: o Benson – que agora é o “rei da cocada preta” – não gosta do nome “HORNETS” e quer um que tenha mais a ver com a cidade de New Orleans. Pensamentos desse tipo me levam a uma constatação bastante entristecedora: é inacreditável que alguns donos de franquias da NBA ainda enxerguem as suas equipes como algo meramente local. Eles restringem os seus próprios negócios e não entendem que possuem em mãos uma coisa que desperta paixões em fãs do mundo inteiro. O Hornets é uma equipe de dimensão internacional, e é absolutamente lamentável que o Tom Benson não enxergue isso. Essa visão simplória e obtusa acabará sendo a responsável pelo assassinato dos zangões!
Eu não vou usar este post para ficar contando a longa caminhada que eu tenho como um fã internacional do Hornets (quem tiver interesse, é só clicar aqui), mas é importante destacar que esse time não nasceu ontem. Já são quase duas décadas e meia de estrada, sendo que a franquia está na Louisiana há praticamente dez anos. E dez anos não são dez dias. Antes de pensar em acabar com tudo o que me fez seguir essa equipe, a história deveria ser considerada. Até onde eu sei, além do Brasil, o Hornets possui fãs em países como Austrália, Itália, Argentina, Suíça, China, Portugal, Espanha, México e Alemanha. E deve haver muitos outros espalhados pelo globo. Fãs de longa data, fãs que sempre foram Hornets e que sempre acompanharam o time ao longo dos anos, estivesse ele em Charlotte ou em New Orleans. Fãs que pagam League Pass, que encomendam camisetas e outros produtos oficiais, que juntam dinheiro para viajar e ver os jogos nos EUA, ou que simplesmente viram noites torcendo na frente da TV ou do computador. E agora querem arrancar isso de nós. Querem assassinar uma das nossas paixões sob a alegação estapafúrdia de que o Hornets nada tem a ver com New Orleans. Como não tem? E os quase dez anos em que as cores dos zangões honraram essa cidade? Isso não conta? E o fato de o nome “JAZZ” ter tudo a ver com New Orleans? Evitou que a franquia se transferisse para Utah nos longínquos anos 70 e por lá permanecesse até hoje? Pois é…
* Veja aqui o texto do blog New Orleans Hornets Brasil sobre o rebrand
Eu poderia ficar aqui citando outros exemplos que tornariam essa ideia de rebrand uma tremenda babaquice, me desculpem o termo. Mas de que adiantaria? Pelo visto, o Tom Benson está realmente determinado a mudar o nome do nosso time, e eu acho que a NBA não fará grande oposição a isso. Pode ser dentro de um ano, dois anos, sei lá… Mas parece que irá mesmo acontecer. Com os zangões sumindo de New Orleans, levanta-se a hipótese de que o Charlotte Bobcats – franquia que definitivamente não emplacou – possa adotar o nome “HORNETS“. Aí teríamos de novo o Charlotte Hornets, não é uma beleza? Mas espere aí… Isso realmente seria o verdadeiro Hornets? Ou seria o Bobcats fantasiado de Hornets? Onde estaria a nossa história? Em Charlotte, com o “novo” Hornets, ou lá em New Orleans? Já pensaram nisso? Você, que é fã de longa data dos zangões, torceria por um Bobcats disfarçado de Hornets?
* Clique aqui e confira um texto interessante do blog Hornets247 (em inglês)
Desde que o Tom Benson comprou a franquia (em uma sugestiva Sexta-Feira 13) e disse que iria mudar o nome do time (que tal New Orleans Jasons ou New Orleans Blackcats?), esse assunto de rebrand ganhou uma repercussão enorme no mundo inteiro. A grande maioria dos torcedores internacionais do Hornets (e eu me incluo aí) não gostou nem um pouquinho da ideia e certamente vai se posicionar (ou já se posicionou) das mais diversas formas, caso o rebrand realmente se concretize. Teremos aqueles fãs mais radicais, que passarão a torcer por uma outra equipe da NBA ou que simplesmente deixarão de acompanhar a liga. Haverá também os que “voltarão” a torcer para o Charlotte Hornets, se o Bobcats resolver “se disfarçar”. E, por fim, vai ter gente que seguirá torcendo pela equipe de New Orleans, não importa que nome ou cores a franquia adote. E vocês? Em qual grupo vocês se encaixam?
* Vote nas enquetes do blog New Orleans Hornets Brasil!
Bem, eu confesso que andei pensando em todas essas situações. No início, eu fiquei indignado e estava no grupo dos radicais: “se acabarem com o Hornets, a NBA morreu para mim!”. Depois, procurei um paliativo e passei para a turma dos “BobHornets”, mas sem muita convicção. O fato é que eu ainda não havia tomado uma decisão concreta e não sabia o que fazer em relação ao provável fim do meu amado time. É simplesmente difícil imaginar que o Hornets pode sumir do mapa ou aparecer em uma outra equipe que, no fundo, não é o verdadeiro Hornets. Por que as coisas têm de ser assim? Ah, Tom Benson… Então, após muito refletir, eu acabei tomando a minha decisão (provisória): CURTIR OS ZANGÕES ENQUANTO ELES EXISTIREM E EVITAR FALAR SOBRE REBRAND, ATÉ QUE O ASSASSINATO ESTEJA CONSUMADO. Eu deixei de pensar no fim e passei a pensar no legado. E olhando por esse ângulo, eu percebi que a história do Hornets não morrerá. Eu olho para Larry Johnson, Alonzo Mourning, Muggsy Bogues, Dell Curry, Glen Rice, Vlade Divac, Eddie Jones, Paul Silas, Baron Davis, Jamal Mashburn, PJ Brown, David West, Byron Scott, Chris Paul… Isso é o que fica. Então, vamos apenas seguir em frente. É o melhor a se fazer no momento, acreditem.
OBS: Hoje não teremos a sessão Ferroadas e nem falaremos sobre os últimos jogos do Hornets, fato que acontecerá no nosso próximo post.